Segundo dados do jornal O Globo (2017), as mulheres representam mais da metade da população (51.5%) e 44% da força de trabalho do país. O mundo está evoluindo, mas as mulheres ainda estão atrás quando o assunto é ocupar o topo da liderança nos negócios. Todos os presidentes a frente das empresas da Fortune 500 há 20 anos atrás eram homens. Atualmente apenas 24 mulheres ocupam esta posição (4.8%).

Muitas mulheres estão comprometidas a chegar ao topo, mas se deparam com os desafios gerados pela desigualdade de gêneros. Entender estes desafios e traçar estratégias para enfrenta-los é fundamental.

 1. Influencie por oportunidades iguais

Um dos maiores desafios das mulheres é igualdade em termos de oportunidade no ambiente de trabalho. Veja os exemplos: “Ela não vai querer sair do país por causa dos filhos” ao não considerar uma mulher para uma oportunidade no exterior ou “Não existem mulheres engenheiras” para manter a diferença de gêneros durante a contratação. Mas sem desânimo: desafiem este tipo de pensamento “O que as estatísticas dizem quanto a mulheres na engenharia?”. Promovam o diálogo aberto “Minha sugestão é que perguntem diretamente a ela”.

 2. Crie uma rede de suporte

Ninguém quer se sentir sozinho. Como seres sociais queremos pertencer e isso pode ser complicado em ambientes corporativos dominados por homens. Não espere que o suporte caia de para-quedas. Crie a rede de suporte que deseja ter. Ajude outras mulheres, crie oportunidades de engajamento (café, palestra, almoço, esporte).

Os homens da Associação Atlética da minha empresa jogam futebol semanalmente. As mulheres contribuem ($) igualmente para a Associação, mas não possuíam uma atividade. Até que um dia decidiram usufruir da associação também. O resultado foi a contração de um professor de zumba para aulas semanais e a criação de uma programação anual especial com os interesses que elas têm em comum.

 3. Tenha auto-confiança

Nunca nos sentimos 100% preparadas, isso é normal. Confie mais nas decisões e opiniões de quem convive com você (se estão te oferecendo uma oportunidade é porque você demonstrou ter talento), aproveite oportunidades dando o seu melhor (vai ser mais que o suficiente), acredite em você mesma (veja onde chegou e lembre-se de onde quer chegar).

 4. Expresse-se

Quantas vezes em uma palestra você escuta “última pergunta” e já logo abaixa a mão depois de não ter sido a escolhida. Aí o palestrante decide continuar respondendo porque os homens do recinto não fizeram o mesmo. Pois é, ninguém vai levantar a mão por você, amiga. Não basta ter uma posição de influência, você tem que agir de acordo. Fale com autenticidade, não tenha medo de rejeição (até grandes líderes e pensadores tiveram idéias rejeitadas). Faça com que sua presença seja valorizada e desejada como uma pessoa que faz a diferença.

 5. Faça o marketing pessoal

Concordo, é “estranho” falar de suas competências ou sobre suas realizações. Seria muito mais fácil viver em um mundo em que somos observados constantemente e valorizados, mas apenas a sua mãe vai fazer isso. Na maior parte das vezes nossos líderes estão interessados em fazer isso, mas têm que dividir seu tempo entre várias outras coisas. Enfim, você pode facilitar! Compartilhe os bons resultados que conseguiu, (crie) aproveite oportunidades para demonstrar suas habilidades.

Durante meu período de expatriação, me desconectei da liderança local porque eu não me sentia bem “jogando confete em mim mesma”, foi quando a gerente de RH disse “querida, o seu colega manda e-mails de follow up mensalmente, manda também!”. Este primeiro e-mail foi “obrigação”, mas os seguintes foram do coração. Foi uma delícia receber as respostas com dicas incríveis e parabéns. Nossos lideres querem saber como estamos indo e como podem ajudar, porque não facilitar?

 6. Deixe claro o que você quer/ precisa

Algumas mulheres acreditam que vivem em um mundo justo e que vão receber o que merecem. Isso pode ser realidade para algumas empresas, mas as estatísticas de Gap de Remuneração dizem o contrário. Delete o sentimento de culpa, o medo de parecer “ambiciosa demais”, lembre-se que está negociando também em prol de sua família. Sempre que puder deixe claro quais são seus objetivos (assim você reduz o risco de interpretação equivocada). Você é a melhor embaixadora das suas necessidades e vontades. Nos Estados Unidos, 46% dos homens negociaram suas ofertas de trabalho por uma remuneração maior e apenas 34% das mulheres fizeram o mesmo (estudo da empresa Robert Half).

Saber negociar é uma característica fundamental para qualquer líder, se você não consegue defender seus próprios interesses, como irá defender os interesses da empresa?

 7. Posicione-se adequadamente

Delete “Eu acho…”, “Quem sou eu para dizer, mas…”, “Pode ser uma idéia boba” ou É só…” do vocabulário. Você mal começou a expressar o conteúdo e o cheiro de insegurança está no ar. Valorize sua opinião na forma como se expressa. “Acredito que”, “Minha sugestão é”, “Tenho uma idéia promissora”, “É…” e arrase.

 8. Encontre o parceiro ideal

Apenas para quem quer casar: Marido a gente escolhe (ainda bem!). Escolha uma pessoa que valorize uma mulher ambiciosa e cheia de opinião. Alguém que acredite em igualdade e que entenda aonde você quer chegar. Busque um parceiro de verdade para compartilhar as responsabilidades, sonhos, vitórias e dificuldades.

 9. Busque apoio

As decisões, o aprendizado, as idéias, tudo fica melhor quando há colaboração. Peça e dê suporte! Você aprende, ensina, aprofunda as discussões, se atualiza, consegue validação e apoio. Relacionamentos são fundamentais. 

Só ouvia: “Você precisa engajar a liderança sênior” no meu primeiro ano de empresa. Eu estava muito ocupada aprendendo e fazendo o meu trabalho, queria saber de resultados tangíveis. Achava estranho bater na porta de um gerente sênior para “fazer network”, afinal são pessoas cheias de responsabilidades. Eu sentia que era uma inconveniência. Após o esforço de falar com o primeiro, percebi: você também pode gerar valor! Dê sua visão sobre a empresa, as oportunidades, os desafios, compartilhe algo que seja útil (um artigo, dicas de redes sociais).

 10. Supere a Síndrome da Impostora

O termo “síndrome do impostor” descreve um fenômeno que apesar de não ser inerente ao gênero feminino é muito frequente entre nós. Foi descrita pela primeira vez em 1978 como resultado de 5 anos de pesquisa com mulheres super bem-sucedidas. Apesar de sua performance espetacular, elas não se consideravam inteligentes ou capazes. Em sua visão, todos estavam errados, era sorte ou engano. Além de afetar o desempenho criando barreiras auto-impostas, essas condições também prejudicam o bem-estar e a saúde mental. Por algum motivo, acabamos nos cobrando mais do que a realidade demanda. Esta tensão só reduz nossa produtividade e mina a auto-confiança. Busque clareza no que é esperado de você (sim, pode e deve entregar mais, mas sem dramas desnecessários e sendo feliz). Aceite que todos temos fortalezas e fraquezas e que agradar todo mundo é impossível e desnecessário. Você chegou aonde chegou porque merece!