A mexicana Frida Kahlo teve uma vida extremamente emocional e dolorosa, mas ainda assim, ela persistiu e se tornou uma referência intemporal. A sua relevância é tanta que escrever sobre ela se torna difícil, mas vale a pena tentar.

Se a Frida estivesse viva, certamente estaria celebrando seu aniversário hoje. Apesar de ter nascido dia 6 de Julho, ela afirmava que sua “data de nascimento” era 7 de Julho de 1910, o primeiro dia da Revolução Mexicana porque queria que sua vida começasse junto com o México moderno.

Você já deve ter muitas razões para se inspirar em Frida. Mas sempre tem espaço para mais.

1) Transforme dificuldade em oportunidade:

“Ao fim do dia, podemos aguentar muito mais do que pensamos que podemos”- Frida Kahlo

Frida sobreviveu a poliomielite durante a infância, mas a doença deixou marcas. Uma de suas pernas era significantemente menor e mais fina, por isso a icônica prótese e guarda roupa distinto.

Ela também quase morreu em um acidente de ônibus quando tinha 18 anos, sofreu múltiplas fraturas, enfrentou mais de 30 cirurgias como consequência, sofreu vários abortos e dores crônicas durante toda a vida. Mas foi durante sua recuperação que ela pegou os pincéis do pai e começou a fazer arte. A maior parte de seus quadros representavam momentos de provação na vida. Ela usava a pintura para enfrentar a dor, não para esquece-la.

Muitas vezes usamos nossas dificuldades como desculpas, mas também é possível usar para explorar novos caminhos e para reencontrar a nossa força, para buscar oportunidades. O fato de que, só sabemos o que conseguimos superar, superando é uma bela motivação para nunca desistir antes de tentar.

2) Exercite o auto conhecimento:

“Pinto a mim mesma porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor.” – Frida Kahlo

Dos 143 quadros que Frida pintou, 55 eram auto retratos. Podemos dizer que ela era a rainha do selfie naquele tempo, mas isso não significa narcisismo, pois a artista pintava suas emoções, seu mundo, seu interior. Se você comparar as fotos com os quadros vai notar que ela se pintava menos bonita do que na realidade. Ela encontrou sua melhor forma de se conectar com os seus sentimentos e refletir sobre sua vida.

Crie rituais e momentos para se ouvir e avaliar (mesmo da correria do dia a dia), não coloque suas emoções na gavetinha das “coisas que não queremos lidar” – um dia ela transborda. Não existe emoção boa ou ruim, a beleza esta em sentir, refletir e aprender sempre. Observe-se com honestidade e gentileza, aceite-se.

3) Seja quem você é:

“Eu não pertenço a categoria alguma”. – Frida Kahlo

Apesar de sua fama mundial e de viajar por todo o planeta, Frida sempre dava um jeito de voltar para o Mexico. Ela nasceu e morreu na mesma casa, uma prova de sua lealdade a sua cultura e família.

Quando André Breton, o fundador do movimento Surrealista na Europa, declarou que Frida era uma “Surrealista Natural”, ela rejeitou o termo. Naquela época Surrealismo era predominantemente masculino e rotular o trabalho de Frida (apesar de ser o “jeito” que Breton encontrou de legitimar a sua arte e abrir espaço para a artista) não foi algo que ela estava disposta a aceitar. Ela sempre foi orgulhosa da sua feminilidade e identidade e por isso não concordou em ser caracterizada de forma diferente apenas para se tornar mais palatável para o publico europeu. Se você quer a arte da Frida, você tem que querer a Frida.

Considerando sua historia de vida, personalidade e trabalho, a presença de Frida na historia e na arte no mínimo desafiava os padrões daquela geração. Mulher, ativista, PCD, mexicana, “monocelha”, bigode, tequila, trajes típicos, bissexual, politizada, pintando auto retratos com animais exóticos para comunicar suas idéias, causas e sentimentos. Frida era Frida, sem pedir desculpas ou licença.

Você consegue fingir ser algo diferente por algum tempo (não por muito), mas não vai estar feliz. Não aceite nenhum estereotipo imposto ou sugerido. Liberte-se, esquece esta vontade irracional de querer agradar a todo mundo, seja você! Só assim você vai conseguir explorar todo o seu potencial, dar o melhor de si e ser feliz de verdade.

4) Faça acontecer:

“Pés: para que os quero, se tenho asas para voar?”- Frida Kahlo

A primeira exibição solo de Frida estava marcada para a primavera de 1953, exatamente no momento em que ela estava passando por um tratamento parar curar a gangrena no pé. Sua saude estava muito debilitada na data da abertura e os médicos informaram que ela não poderia comparecer. Alguns minutos depois de entrarem na galeria os visitantes ouviram sirenes do lado de fora: Era Frida, que apareceu para a exibição numa maca hospitalar (para presenciar o sucesso da noite).

Esforço e perseverança são fundamentais, nunca economize. Se você esta fazendo o que acredita e ama, vá com tudo.

5) Ame-se, antes de mais nada:

“Onde você não pode amar, não demore” – Frida Kahlo

Apesar de todas as dificuldades da vida, Frida era uma mulher cheia de amor. Ela teve vários relacionamentos e o mais famoso foi seu marido Diego Rivera. Diego tinha tendências extra conjugais e teve vários affairs (inclusive a irmã de Frida, Cristina). Eles se separaram e apesar de ela não ter fechado o coração para novos amores (incluindo até Leon Trotsky), se casaram novamente.

Durante a separação Frida abandonou seu lado feminino, cortou o cabelo (que tanto amava) curtinho, abandonou os vestidos e usava apenas ternos masculinos. Manteve apenas os brincos. O quadro Auto Retrato com Cabelo Cortado, representa seu desejo de se tornar independente, especialmente de homens. Frida amava tanto Diego que ela comprometeu sua paz ao aceitar sua infidelidade, ela priorizou a felicidade dele em detrimento da sua, se sacrificou para não perde-lo.

Ninguém entendia porque uma mulher forte como Frida foi amar tanto um garanhão como Diego, mas acredito que aqui fica o conselho que ela não conseguiu praticar: Valorize-se, se não se sentir amada e respeitada… não te demores.

Nossa gratidão pelo legado de Frida Kahlo, como artista e ser humano.

Quer saber mais: Biography.com & FridaKahlo.org.